História da cidade
O início
A história começa em 1815, quando as lavouras de café no Vale Fluminense exigiam a ocupação de novos territórios para a ampliação da atividade. O objetivo foi alcançado, desbravando-se as inóspitas terras da Zona da Mata de Minas Gerais. Surgiam neste contexto as primeiras propriedades precursoras do Povoado de Santo Antônio do Limoeiro.
Em meio às inovações tecnológicas e ao aumento da produção, em breve, a região estava fornecendo a outras regiões seus principais produtos: o fumo e o café.
Com a instalação da Rodovia Macadamizada União Indústria, idealizada pelo Comendador Mariano Procópio Ferreira Laje e que cortava o pequeno núcleo urbano, as características do Povoado se transformavam. Com a construção da Estrada de Ferro Juiz de Fora – Piau, este crescimento ampliou-se.
O renomado escritor Carmo Gama, em seu Jornal Rio Novo edição de 09/08/1908 escreveu a seguinte nota:
“Ali mesmo, onde é, hoje, o arraial do Limoeiro, que, há 25 anos, vimos surgir de uma pequena casa construída à beira da estrada na antiga Fazenda da Barra, o Capitão Daniel da Rocha, ativo e trabalhador, dedicou-se, em tempo, à cultura do fumo. O fez com tal inteligência e tanto capricho, que o fumo do Rio Novo, logo geralmente conhecido por “fumo Daniel” ganhou fama imorredoura. Até hoje, o fumo Rio Novo tem ótima cotação nas praças…”.
Em meados de 1875, alguns caçadores encontraram na Serra da Babilônia, localizada na Fazenda da Fortaleza de Sant’Anna, então pertencente à progenitora do Comendador Mariano Procópio Ferreira Laje, duas cavernas (Caverna do Índio I e II) com 03 corpos mumificados naturalmente e 03 restos esqueletais.
Segundo relato do Professor Sebastião Delvaux Tostes, publicado no “Anuário da Gazeta” (12/1951) o conjunto foi analisado pelo naturalista Dr. Basílio Furtado e remetido ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde se encontra em exposição permanente, tendo sido tombado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Goianá como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Científico e Cultural do município, em 27 de março de 2002.
Estrada de Ferro
Certamente Goianá deve grande parte de seu desenvolvimento à Estrada de Ferro Juiz de Fora-Piau, cujo diretor presidente era o Comendador Cassimiro Costa. Esta ferrovia, cuja estação de Ferreira Laje foi inaugurada em 20 de junho de 1887, tinha um percurso de Juiz de Fora a Rio Novo, que mais tarde foi incorporada pela Cia. Inglesa Leopoldina Railway.
Como nas demais localidades, a Estação Ferroviária significava muito mais do que um simples local de embarque e desembarque de cargas e passageiros, ela representava o dia a dia e toda a dinâmica de funcionamento da comunidade. Embora a Estação fosse construída mais afastada do centro urbano, aos poucos ela se tornava o centro. Este fator revela como sendo, a Estação Ferroviária, um dos referenciais de desenvolvimento do núcleo urbano da comunidade de Goianá.
Com a criação da Rede Ferroviária Federal, o Ramal que cortava a comunidade foi desativado e a Estação foi demolida por oferecer risco de desabamento. Restaram, porém, alguns imóveis residenciais e comerciais que mantêm suas características arquitetônicas, registrando esta época de tamanha riqueza para nossa história.
A instalação do distrito
Em 1910 intensificaram-se os trabalhos no sentido de se conseguir elevar o Povoado do Limoeiro à categoria de distrito. Até que, em agosto daquele ano, o Deputado Juvenal Penna apresentou ao Congresso Mineiro o Projeto de Lei que recebeu o n.º 113, propondo a criação do “Distrito do Limoeiro”, no município de Rio Novo.
Em 10 de setembro de 1911, na edição n.º 23, ano VII, o jornal “Rio Novo” (de Carmo Gama, Francisco Lopes e Emílio do Araújo) publica a seguinte nota:
“Districto de Goyaná” – Já está sanccionada a Lei n.º 556, sobre a nova divisão administrativa do Estado, pela qual foi elevada à districto, com a denominação de Goyaná, a antiga povoação do Limoeiro, no districto desta cidade, com as seguintes divisas que começaram à margem direita do rio Novo, nas proximidades e acima da Ponte do Campello, sobre o mesmo rio, segundo à direita a divisa do sítio “Novatos” de propriedade de Samuel Carias, Antonio Hypolito e outros, até à fazenda de José Bernardo da Silva e seus filhos; seguindo a divisa desta fazenda até à Fazenda do Carangola de propriedade do Dr. José Marciano Loures, José Procópio Rodrigues Valle e outros; seguindo a divisa desta até à Fazenda do Sarandy de propriedade de Manoel Patrício Rodrigues Valle e José Ribeiro de Oliveira, seguindo a divisa desta até à Fazenda da “Barra”, de propriedade de diversos; seguindo a divisa desta e de outras propriedades seguintes e annexas, até à Fazenda de D. Constância de Carvalho, hoje representada pelos seus herdeiros; seguindo a divisa desta até à Fazenda dos “Dias” de propriedade de Manoel Luiz de Souza, Antonio Roiz Ribeiro e outros; seguindo a divisa desta, até à Fazenda da “Capoeirinha”, de propriedade do Cel. Pedro Procópio Roiz Valle e filhos; seguindo a divisa desta, à Fazenda da “Bonança” de propriedade de Estanislau Rabello de Vasconcellos; seguindo a divisa desta, à Fazenda da “Pedra Bonita”, de propriedade do Dr. Antonio Nogueira Penido; seguindo a divisa desta até à Fazenda “da Liberdade”, de propriedade de Augusto Pacheco de Rezende; seguindo a divisa desta, até à Fazenda Santa Leocádia de propriedade de Araújo e Irmão; seguindo a divisa desta, até à Fazenda dos “Theodoros” de propriedade de diversos; seguindo a divisa desta, até o Rio Novo e subindo por este até onde tem começo esta demarcação; limitam por um lado com o Rio Novo e Piau, e por outros com Santa Bárbara, de São João Nepomuceno e Água Limpa, de Juiz de Fora, pelas divisas existentes.”
Em 26 de maio de 1912, o Jornal Rio Novo transcreveu o artigo publicado no Jornal “A Imprensa”, do Rio de Janeiro:
“Município do Rio Novo – Installação do Districto de Goyaná” – Vai installar-se o novo districto daquelle município, a que o legislador mineiro deu o nome de Goyaná. – Grandes festas se preparam para celebrar o feliz acontecimento, que constituirá uma página de luz na história da vida local. – À ellas comparecerão, além do Delegado do Governo de Minas, as altas autoridades municipais, representantes da imprensa e pessoas gradas das cidades e povoações vizinhas.
Pronunciará o discurso official, como órgão do povo, o distincto e conceituadíssimo médico lá residente, o senhor Dr. José Marciano Loures. – A sede do novo distrito é o antigo e florescente povoado do Limoeiro, a respeito do qual me seja permitido dizer algo em ligeiros traços. Está situado à margem da estrada de ferro Juiz de Fora – Piau, numa vasta planície, de onde se descortina encantador horizonte, que se desdobra, em círculo num interminável e azulado panorama.
No alto da pequena collina, destaca-se a igreja de Santo Antônio, majestoso templo que offerece ao observador o ensejo de aquilitar dos sentimentos religiosos que dominam o grande coração do povo, aliás, educado na doutrina do Martyr da Galiléia, – Juntem-se a isso, ruas bem alinhadas, formadas por um conjunto de edifícios modelares, a amenidade do clima, a uberdade do solo, as bellezas naturais da localidade e a índole ordeira e laboriosa de seus habitantes e ter-se-á a idéia dos elementos que tornam o antigo Limoeiro attrahente para quantos o visitam, cada vez mais queriddo por aquelles que ali têm as suas tendas de trabalho, de verdadeiros colaboradores na obra do engrandecimento e prosperidade do Estado de Minas.
Realizar-se-á este mês a instalação do novo districto, di-lo a noticia que ontem me chegou. – Novas aspirações se abrem aquelle punhado de operários do progresso commum, aspirações tanto mais legitimas, quanto ellas se alentam nas esperanças de uma era de promissão. – O acontecimento que se annuncia tem alto alcance para o povo da localidade que se engrandecendo pelo trabalho constante e honesto, há de se tornar maior ainda nas avançadas do futuro, à luz da aurora que o envolve.
Identificado pela amizade e pela gratidão a este generoso povo, se as circunstâncias me impedem de tomar parte nas festas que se vão realizar por ocasião da solenidade, cumpro ao menos o grato dever de enviar daqui calorosas saudações, cordiais parabéns, fazendo votos para que o novo districto caminhe, sereno e gloriosamente pela senda do porvir, sempre abençoado por Deus, o “poderoso árbitro dos destinos dos povos”.
Em 17 de novembro de 1912, nova e interessante notícia, do Jornal Rio Novo:
“Goyaná – Por Decreto n.º 3751 marcou o governo do Estado o dia 24 do corrente para a installação desse districto. – Em outra parte desta folha a comissão encarregada de promover os festejos para aquella solenidade, dirige ao povo do município um convite geral afim de que ao acto possam assistir todos quantos desejarem. – Tomará parte na festa, a Banda de Música do 2.º Batalhão da Força Pública, que virá de Juiz de Fora no trem da manhã. – A posse das autoridades locais será dada (pelo) venerando e íntegro Wladimir Matta, Juiz de Direito da Comarca, ao meio dia, no centro da povoação, havendo em seguida a missa e benção inaugural do districto, celebrada pelo Revmo. Senhor Padre Luiz Conrado Pereira. – Deverá correr neste dia, ligado ao trem da carreira, um carro especial posto pelo senhor Comendador Cassimiro Costa, à disposição dos convidados de Juiz de Fora, Rio Novo e estações intermediárias.”
Emancipação Político-Administrativa
Com o desenvolvimento urbanístico do distrito, as mobilizações em prol da melhoria da condição de vida da comunidade foram se transformando em fator propulsor do desenvolvimento. Até que a Lei n.º 12.030, de 21 de dezembro de 1995, regulamentou a emancipação político-administrativa do distrito de Goianá.
O município está localizado às margens da MG-353, possuindo uma área de 153,3 Km², distando 36 Km de Juiz de Fora, 320 Km de Belo Horizonte, 1.140 Km de Brasília, 550 Km de Vitória, 200 Km do Rio de Janeiro e 450 Km de São Paulo.
Sua altitude máxima é de 989 m, no local denominado “Serra da Pedra Bonita” e apresenta altitude mínima de 391 m, no local denominado “Foz do Ribeirão Santana”. Tem variações médias de temperatura anual oscilando entre a máxima de 27,9º e a mínima de 15,3º. Os municípios limítrofes de Goianá são Chácara, São João Nepomuceno, Coronel Pacheco, Rio Novo e Piau. A principal via de acesso é a Rodovia MG-353.
O município de Goianá é constituído pela sua sede e pelos povoados rurais de Carangola, Capoeirinha, Bonanza, Bom Jardim, Dias, Sant’Anna, Ferreira Laje e Barra.Possui população estimada em 3.928 habitantes, segundo projeções do IBGE para o ano de 2016, com um núcleo urbano constituído por aproximadamente 900 imóveis residenciais.